A postagem Brincar na Escola, foi baseada em uma atividade da
interdiciplina Ludicidade e Educação, em que a proposta era a seguinte:
(...)
promover a retomada da questão que desencadeou os debates e os estudos na
interdisciplina: Brincar é importante? Por quê?
Na
sua escola, os pais das crianças da Educação Infantil e dos Anos Iniciais do
Ensino Fundamental estão questionando o trabalho realizado, reclamando que as
crianças estão perdendo tempo com brincadeiras. Por estar estudando a temática
Ludicidade na Educação, você recebeu a incumbência de explicar aos pais a razão
das brincadeiras terem sido incluídas nas aulas.”
Revisitando as postagens do blog,
retomo esta postagem lembrando que os argumentos foram realmente utilizados na
escola em reuniões e conversas com os pais. Quanto ao texto considerei importante rever a
formatação e as referências.
Brincar na Escola
Muitas vezes o
brincar na escola é questionado, pelos pais e até mesmo por alguns professores,
por ser uma atividade prazerosa é visto como uma atividade de menor
importância, perda de tempo. Brincar não só é importante, como também é um direito
da criança, sua primeira forma de expressão, sua linguagem natural. Brincando a
criança se desenvolve em todos os aspectos. Na Educação Infantil e nos Anos
Iniciais do Ensino Fundamental as atividades lúdicas são de extrema
importância, pois através delas a criança se relaciona e dá significado ao seu
mundo.
No sec. XIX, pesquisadores como Piaget, Wallon e Vygotsky,
procuraram compreender como as crianças aprendem e como se relacionam, com o
meio e com a cultura. Suas pesquisas, mesmo que de formas diferentes, passam
pela investigação do brincar infantil, confirmando o jogo e as interações como
meio de aprendizagem. Suas pesquisas têm embasado o trabalho de muitos
professores e pesquisadores que ao longo dos tempos veem confirmando suas
teorias na prática. Muito ainda precisamos conhecer sobre como a criança se
desenvolve e aprende. Mas já sabemos que ela muito se beneficia do brincar.
Tanto do brincar que ofertado pelo professor, o jogo planejado, com regras
definidas com intencionalidade dirigido para um saber especifico, como do
brincar mais livre aquele em que a criança busca prazer e diversão, este não
deve ser considerado menos importante.
Ao brincar a criança dá significado as suas vivências, experiencia e consolida conceitos fundamentais para suas aprendizagens
futuras. Ao brincar no pátio, na pracinha ou em outros espaços que lhe
oportunizem subir descer, escorregar, balançar-se, equilibrar-se e
movimentar-se de várias formas ela desenvolve sua coordenação motora ampla e
orientação espacial. Brincando na areia com baldinhos e potinhos estabelece
relações matemáticas como tamanho, proporção, peso e quantidade. Brincando de
esconder, pular corda, amarelinha aprende a contar. Quando conta quantos
colegas estão brincando ou as casas de uma trilha, relaciona o número a
quantidade.
O jogo simbólico, o faz de conta, as dramatizações, a
partir de histórias que ouviu ou de fatos do cotidiano, levam a criança a
substituir um objeto por outro, depois imaginá-lo na sua ausência, habilidade
essa que será muito útil na resolução de problemas e questões matemáticas. Mais
uma vez o aprendizado da matemática, onde se encontra tantas dificuldades, se
beneficiando das brincadeiras. Aprende a se relacionar com o outro, resolvendo
conflitos, aprende a ceder e a argumentar, estabelecendo relações amigáveis.
Amplia o vocabulário, a capacidade de se comunicar e se expressar oralmente,
falando, ouvindo e atribuindo sentido as sensações e aos pensamentos por meio
da linguagem. Aprendendo, negociando e inventando regras para jogos e
brincadeiras que conhece e por vezes criando outros, adquire autonomia ao
brincar e se comunicar com seus pares. Reconhece a si e ao outro como parte de
um grupo. Brincando com cantigas de roda parlendas, lendas e
histórias se apropriam dessas manifestações culturais.
Desenvolve-se cognitiva e corporalmente, exercitando a memória e a atenção,
despertando a musicalidade, a criatividade, a fantasia e a imaginação.
Habilidades que contribuirão com o aprendizado e o aprimoramento da leitura e
da escrita entre outros.
Na escola o jogo acontece om a mediação do professor que
ao trabalhar com jogos deve ofertar grande quantidade de jogos, oportunizar que
todos joguem, levar em conta o interesse dos alunos, os objetivos a serem
alcançados, e que os desafios apresentados estejam de acordo com as capacidades
e necessidades do grupo, observar como jogam, como lidam com a questão ganhar e
perder dar oportunidade para que falem sobre o jogo e discutam as
regras.
Então brincando com seus pares e com o adulto a criança
resignifica suas experiências, amplia suas habilidades estabelece relações
sociais e afetivas, amadurece física e emocionalmente e adquire autonomia, o
que lhe trará mais segurança em relação a suas atividades futuras. O
brincar na escola não é tempo perdido é sim, em vista de todos os argumentos
apresentados, tempo ganho, aproveitado, já que oportuniza tantas aprendizagens.
Nos dias atuais em que cada vez menos as crianças frequentam espaços coletivos,
como ruas e parques onde antes os jogos e as brincadeiras aconteciam e para
jogar e brincar é necessário que haja interação, da criança com outras
crianças, com adultos e como meio, a escola é o ambiente que possibilita que
essas interações aconteçam.
Referências
DE VRIES, Rheta; ZAN, Betty, HILDEBRANDT, Carolin, Jogos em
grupo, in O Currículo Construtivista na
Educação Infantil, Práticas e atividades, trad. Vinicius Figueira - Porto
Alegre: Artmed, 2004. Cap III, p. 191 a 201. Disponível em:
file:///C:/Users/gisla/Downloads/Jogos%20em%20grupo.pdf,
acesso em: 22/01/2019.