domingo, 29 de maio de 2016

Pensando a inclusão - Solução ou problema?


         Em grupo fomos convidadas a responder a seguinte pergunta: Inclusão na sala de aula, uma solução ou um problema a mais para a educação?
        Em um pequeno grupo chegamos a seguinte resposta: Acreditamos que na educação hoje é um problema que como todo o problema deve caminhar para uma solução. Falta preparação para o docente e estrutura nas escolas para que a inclusão realmente aconteça. Por mais que entendamos que todos podem se beneficiar da inclusão, nos moldes que acontece hoje ainda está longe de ser considerada satisfatória e de qualidade. Para solucionar essa questão se faz necessário mais apoio ao professor para que possa atender a todos e a cada aluno. As leis existem, mas na prática ainda deixa muito a desejar.
         Levamos essa discussão para um grupo maior e as opiniões em pouco diferem dessa. Existem relatos de experiências positivas, mas as dificuldades são muitas.

         Penso que independente de ser problema ou solução muito ainda tem a ser feito e discutido para que a inclusão seja realmente efetiva.

Experiência com LIBRAS na escola


               
              Gostaria de contar uma experiência que tivemos na minha escola. Em 2009 recebemos um aluno surdo de 5 anos, ele recebia atendimentos especializados e a família foi orientada a matriculá-lo na escola. Não tínhamos conhecimento de LIBRAS, ele estava iniciando sua comunicação em LIBRAS, a professora dele a princípio ficou muito preocupada, sentia-se insegura, e até questionava os benefícios da inclusão, sentia-se como muitas colegas comentaram, despreparadas para trabalhar com ele. Ela uma profissional muito dedicada e sempre disposta a realizar um bom trabalho, logo o susto do primeiro momento deu lugar ao empenho em buscar soluções.
               Nós professores e os funcionários da escola tivemos aulas semanais em formato de oficinas com um professor surdo, para aprendermos um pouco de LIBRAS e assim podermos nos comunicar com o menino e para facilitar a comunicação com as outras crianças. Preparamos materiais como jogos, alfabetos, identificamos objetos e espaços da escola, como já fazemos na Educação Infantil, nesse caso além do nome escrito incluímos em LIBRAS.
               Assim o menino foi ampliando seu vocabulário e as demais crianças foram aprendendo LIBRAS e a comunicação e a interação entre eles começou a acontecer. Foi por pouco tempo, no ano seguinte ele passou para a EMEF Especial para Surdos, hoje Escola Bilíngue. A professora que tinha no início tinha muitas dúvidas e inseguranças, relatou-me que após essa experiência, começava a acreditar que a inclusão mesmo não sendo fácil é possível, pois percebeu que todos se beneficiaram. Numa escola inclusiva é preciso incluir e integrar todos, se não for assim, deixa de ser inclusão.


               Sei que não é fácil, que muito ainda temos que fazer, muito a aprender, os recursos são escassos, muitos alunos, cada um com suas peculiaridades, mas sendo LIBRAS, agora incluída na formação de professores, considero que seja um início. É natural o estranhamento ao que não conhecemos, mas esse estranhamento diante do novo, do desconhecido não deve nos paralisar e sim nos impulsionar em direção a superação das nossas dificuldades.

 Pensando na Saúde do Professor


              Ao assistir ao filme “Minha Voz, Minha Vida”, percebi nele muitas ações e atitudes que costumamos presenciar diariamente na escola. Inclusive poucos dias antes de assistir ao filme, eu e algumas colegas, em nosso intervalo estávamos falando sobre esse assunto, foram relatados casos como o do professor que mesmo em sua casa fala gritando sem se dar conta. O que considero preocupante é que a maioria considera normal e diz que não tem como agir de maneira diferente. E que para conseguir a atenção dos seus alunos é preciso gritar. Quando comecei a trabalhar esse era um dos conselhos que recebíamos das colegas mais experientes. Com o passar do tempo pude presenciar alguns professores que não precisam   fazer uso desse recurso para realizar um bom trabalho, não raro são esses que conseguem o respeito e o carinho dos alunos, mas sei que poucos fazem uso correto de ações preventivas, como aquecimento vocal, ingestão de água ao longo do dia e desligar equipamentos e  fechar portas para evitar a competição sonora,  ações estas que ao mesmo tempo que permitem ao professor falar mais baixo, evitando esforço desnecessário sinaliza ao aluno que neste momento deseja sua atenção. Considero muito importante o alerta feito através de exemplos que tão bem ilustram diferentes formas de fazer uso da voz e a possibilidade de buscar ajuda profissional de forma preventiva.
             Durante todos esses anos de trabalho, e também de estudos, tive muitas oportunidades de aprender técnicas, teorias, pensar e repensar práticas e ações pedagógicas e no bem-estar dos alunos, mas percebo agora que poucas vezes paramos para pensar no bem-estar do professor, que com frequência prejudica sua saúde durante sua jornada de trabalho, utilizando de forma inadequada, não somente a voz como vimos, mas também seu corpo. Muitas vezes nas escolas não se tem móveis e equipamentos adequados para o desempenho das atividades diárias do profissional. E diferente do que acontece em empresas, ações preventivas raramente são propostas. E quando o são como por exemplo ginastica laboral, poucos são os que participam. Às vezes dizemos que por falta de vontade. Mas esses momentos acontecem em horários que não podemos no ausentar da sala de aula, pois não tem quem substitua o professor por aqueles 10 minutos de atividade. Para que um maior número de profissionais participe, considero que deva haver um melhor planejamento e ações de motivação e incentivo a participação, para que esse tipo de ação possa se consolidar e beneficiar um maior número de pessoas.