O ensino de jovens e adultos no Brasil, também
conhecido como Educação de Jovens e Adultos (EJA), caracteriza-se como uma proposta
pedagógica flexível que considera as diferenças individuais e os conhecimentos
informais dos estudantes, adquiridos a partir das vivências diárias e no mundo
do trabalho. A concepção posta na legislação e, portanto, que ampara as
práticas pedagógicas e a organização curricular é de que a EJA é uma forma de
suplência para quem não teve oportunidade de estudar no suposto período da vida
tido como devido para a aprendizagem.
A EJA, de acordo as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos é uma categoria organizacional
constante da estrutura da educação nacional, com finalidades e funções
específicas: reparadora, equalizadora e permanente ou qualificadora.
A proposta pedagógica da EJA visa desenvolver e
constituir conhecimentos, habilidades, competências e valores que transcendam
os espaços formais da escolaridade e conduzam à realização de si e ao
reconhecimento do outro como sujeito. Considera que a educação abrange os
processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência
humana, no trabalho, nos movimentos sociais, nas organizações da sociedade
civil e nas manifestações culturais.
A EJA é um compromisso a ser realizado na aquisição
de conhecimentos até então obstaculizados por uma sociedade onde sobreviver esmaga
a igualdade e da liberdade. Representa um desafio a ser preenchido não só por
iniciativas individuais, mas também por programas de políticas públicas. Muitos
jovens ainda não empregados, desempregados, empregados em ocupações precárias e
vacilantes podem encontrar nos espaços e tempos da EJA, seja nas funções de
reparação e de equalização, seja na função qualificadora, um lugar de melhor
capacitação para o mundo do trabalho e para a atribuição de significados às
experiências sócio-culturais trazidas por eles. A EJA deve contemplar uma
educação escolar que possibilite a criação de um espaço democrático de
conhecimento e de postura tendente a assinalar um projeto de sociedade menos
desigual.
A educação de adultos torna-se mais que um direito
consistindo na chave de leitura para o século XXI, sendo tanto consequência do
exercício da cidadania quanto, condição para uma plena participação na
sociedade. Além do mais, é um poderoso argumento em favor do desenvolvimento
ecológico sustentável, da democracia, da justiça, da igualdade entre sexos, do
desenvolvimento socioeconômico e científico, como também requisito fundamental
para a construção de um mundo onde a violência cede lugar ao diálogo e a
cultura de paz com base na justiça.
A Educação de Jovens e Adultos apresenta-nos as
seguintes funcionalidades, de acordo com suas Diretrizes Curriculares:
· Função reparadora: vista como uma chance sólida da presença de jovens e adultos na escola
e uma alternativa viável em função das especificidades sócio-culturais destes
segmentos para os quais se espera uma efetiva atuação das políticas sociais;
· Função equalizadora: reentrada no sistema educacional dos que tiveram
uma interrupção forçada seja pela repetência ou pela evasão, seja pelas
desiguais oportunidades de permanência ou outras condições adversas, deve ser
saudada como uma reparação corretiva, ainda que tardia, de estruturas arcaicas,
possibilitando aos indivíduos novas inserções no mundo do trabalho, na vida
social, nos espaços da estética e na abertura dos canais de participação;
· Função permanente ou qualificadora: propiciar a todos a atualização
de conhecimentos por toda a vida. Ela tem como base o caráter incompleto do ser
humano cujo potencial de desenvolvimento e de adequação pode se atualizar em
quadros escolares ou não escolares. Mais do que nunca, ela é um apelo para a
educação permanente e criação de uma sociedade educada para o universalismo, a
solidariedade, a igualdade e a diversidade.
Para além do conceito, baseado na legislação ou
não, e suas funções a Educação de Jovens a Adultos (EJA) representa o recorte
etário e sociocultural que explicita não somente a condição de não criança do
estudante, mas também a especificidade do jovem e do adulto no campo
educacional. Portanto, lança novas provocações para o educador que atua com
essa modalidade educacional. Exigindo do educador a elaboração de novos temas
de estudos e novas abordagens pedagógicas. Impulsionando o educador a buscar
uma formação que lhe permita abranger o processo de constituição do conhecimento
e aprendizagem entre o público juvenil e adulto.
Atividade em grupo: Gislane Dorneles. Roselane Lannes, Simone
Conceição
Referências bibliográficas
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO/CÂMARA DE
EDUCAÇÃO BÁSICA. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de
Jovens e Adultos. Relator: Carlos Roberto Jamil Cury, 2000.
GARUTTI, Selson. Discutindo as Diretrizes
curriculares nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Cadernos de
Pesquisa, p. 56-74, 2010. Disponível em
http://www.utp.br/Cadernos_de_Pesquisa/pdfs/cad_pesq9/4_discutindo_diretrizes_cp9.pdf
acesso 25 jul 2012.
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