domingo, 5 de agosto de 2018

Wallon

Henri Wallon foi médico filósofo e psicólogo nasceu na frança em 1879 faleceu em 1962.  Viveu num período marcado pelas duas guerras mundiais (1914 -1918 e 1939 – 1945). Em 1925 fundou  um laboratório destinado à pesquisa e ao atendimento de crianças ditas deficientes. Em 1942, filiou-se ao Partido Comunista. Wallon dedicou-se ao estudo da criança por acreditar que esse era o melhor caminho para se compreender a origem dos processos psicológicos humano.  Ao estudar o desenvolvimento infantil Wallon estudou desenvolvimento de forma integral, tanto nos aspectos cognitivos, quanto motores e afetivos. Sua teoria representa um marco importante no pensamento pedagógico pois até então a afetividade era pouco considerada no processo educativo. Os trabalhos de Wallon situam-se nos campos da psicologia genética e da psicologia do desenvolvimento. A psicologia genética interessa-se pelas origens dos processos psicológicos e  a psicologia do desenvolvimento pelas mudanças que ocorrem nos seres humanos ao longo da vida. Wallon utilizou conhecimentos da antropologia,  psicopatologia,  neurologia e outras áreas de conhecimento para desenvolver seu trabalho de pesquisa. 
 Wallon não é o único teórico no campo da psicologia genética, mas é um dos mais relevantes.  Ele entendia que os processos psicológicos têm origem orgânica, ou seja biológica, mas que eles só podem ser bem compreendidos quando consideramos as maneiras pelas quais as influências sócio-ambientais interagem com esses processos,  tanto as condições orgânicas quanto às exigências sociais que influenciam o desenvolvimento psíquico. Wallon defende que o processo de evolução depende tanto da capacidade biológica do sujeito,  quanto do ambiente, que o afeta de alguma forma. Ele nasce com um equipamento orgânico, que lhe dá determinados recursos, mas é o meio que vai permitir que essas potencialidades se desenvolvam..  Nós nos desenvolvemos na interdependência entre fatores biológicos e sociais.  O desenvolvimento do pensamento infantil,  segundo Wallon não ocorre de forma contínua,  ele é marcado por descontinuidades,  ou seja crises e conflitos,  essas descontinuidades são resultado do amadurecimento do sistema nervoso que traz novas possibilidades orgânicas para o exercício do pensamento e de alterações no meio social trazem situações novas e estímulos diferenciados. É do conflito entre essas duas condições que emergem o pensamento e a inteligência.  Ou seja, conflitos e contradições fazem parte do desenvolvimento psíquico normal da criança,  não são necessariamente problemas a serem combatidos pelos educadores,  as crises muitas vezes são dinamizadoras do processo desenvolvimental e portanto benéficas.  A inteligência para Wallon se desenvolve após afetividade, surge de dentro da afetividade,  estabelece com ela certa relação de conflito. Como quando aprendemos com maior facilidade aquilo de que gostamos do que o que não nos agrada. 
Para Wallon, a cognição está alicerçada a quatro categorias de atividades cognitivas específicas,  denominadas campos funcionais  que são: o movimento, a afetividade, a inteligência e a pessoa. 
 O Movimento que é o primeiro sinal de vida psíquica que da criança ao nascer e  vai permear todas as idades e todos os campos.  Walon  discrimina duas dimensões do movimento
Movimentos instrumentais que é a  ação direta sobre o meio físico, como por exemplo:  as  ações executadas para alcançar um objeto imediato
- Movimentos expressivos têm uma função comunicativa, estando usualmente associada a outros indivíduos ou sendo usados para estruturação do pensamento. 
A Afetividade    é a primeira forma de interação com o meio ambiente, a motivação primeira do movimento, o elemento mediador das relações sociais e a base do desenvolvimento do terceiro campo funcional, a inteligência. 
 A Inteligência na obra de Wallon, inteligência tem um significado bem específico, estando diretamente relacionado com duas importantes atividades cognitivas humanas o raciocínio simbólico e a linguagem. 
A Pessoa é o campo funcional responsável pelo desenvolvimento da consciência da identidade do eu. 
Ao nascer o bebê é frágil exige cuidados de outros  seres humanos para que sobreviva  e se desenvolva.  Essa condição de dependência nos primeiros anos de vida é responsável por nos tornamos seres afetivos.  A  emotividade do bebê expressa no choro e grito mobiliza o adulto para atender às suas necessidades,  logo a expressão emocional é uma linguagem, com função fundamentalmente social usada para comunicar necessidades,  essa atividade tem raízes biológicas, mas ao mesmo tempo uma função social. Afetividade é diferente de  amor e carinho.  Todos somos afetados por elementos externos como o olhar do outro, um objeto que chama atenção, mas também somos afetados por elementos internos, como a fome e as lembranças, então a afetividade é a capacidade de sermos afetados de forma positiva ou negativa por eventos externos e internos. O choro da criança por exemplo afeta o adulto que cuida dela, esse caráter contagiante da atividade humana permite que as expressões afetivas como choro sejam culturalmente interpretadas pelo adulto que então age para atender a criança é no contexto dessa interação emocional e social que se dá o desenvolvimento cognitivo da criança,  mas Wallon ainda destaca a importância das atividades motoras nesse processo,  pois o bebê também expressa sua emotividade por gestos,  expressões faciais,  agitação corporal.  O ato motor é uma atividade expressiva que comunica os estados emocionais do bebê e o mesmo tempo gera estados emocionais nos adultos. Na medida em que a função simbólica se desenvolve,  ou seja,  que a criança se torna capaz de pensar sobre coisas que não estão presentes de ver o desenho de um cachorrinho e associá-lo mentalmente a um animal real,  essa sofisticação das capacidades cognitivas permite a internalização dos atos motores,  quer dizer os atos motores vão diminuindo porque a criança desenvolve outros recursos para se comunicar como as palavras,  além disso ela adquire maior controle sobre o ato motor.  
Para Wallon o desenvolvimento humano não acontece de maneira linear, mas em sua teoria propõe cinco  estágios do desenvolvimento:  
- Estágio impulsivo emocional é predominantemente afetivo,  onde a criança está imersa no mundo e não consegue se distinguir dele,  as emoções são o principal instrumento de interação com o meio.  A coordenação motora  ainda não está muito bem desenvolvida.  Aproximadamente de 0 a  1 ano.  
- Estágio sensório motor e projeto é uma fase onde a inteligência predomina e o mundo externo prevalece nos fenômenos cognitivos. Os pensamentos, nesse estágio, muito comumente se projetam em atos motores. Aproximadamente de 3 meses a 3 anos.
-Estágio do personalismo  marcado pela formação dos aspectos pessoais da criança, ou seja, da sua personalidade e da autoconsciência. A criança tende a apresentar a 'crise negativista': a criança acaba por se opor sistematicamente ao adulto. Aproximadamente de 3 a 6 anos.  
Estágio categorial  e começa o processo de categorização mental onde a criança tem um salto em seu desenvolvimento humano. Aproximadamente de 6 a 11 anos. 
Estágio da adolescência é um estágio caracterizada -mente afetivo, onde o individuo passa por uma série de conflitos internos e externos. Aproximadamente a partir dos 11/12 anos. 
Wallon  não estabeleceu idades limites para cada estágio,  como também não especificou um estágio final.  Para ele o processo de aprendizagem acontece  ao longo de toda a vida do indivíduo. Afetividade e cognição estarão, dialeticamente, sempre em movimento, alternando-se nas diferentes aprendizagens que o indivíduo incorporará ao longo de sua vida.

Referências 
Apontamentos sobre a teoria de Henri Wallon Disponível em: https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/2448208/mod_resource/content/1/Henri%20wallon.pdf Acesso em: 15 de julho de 18.
FERREIRA, Aurino Lima. ACIOLY- REGNIER, Nadja Maria. Contribuições de Henry Wallon à relação cognição e afetividade na educação. Revista Educar n. 36, p. 21 a 38. Curitiba: 2010. Editora UFPR.Henri wallon Disponível em:. https://www.youtube.com/watch?feature=youtu.be&v=8BN9RtRMdXE Acesso em: 15 de julho de 18.
Henri wallon (1) - afetividade e inteligência | teoria psicogenética, Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=-6vuFpW9dFs   Acesso em: 15 de julho de 18.
Henri Wallon Coleção Grandes Educadores. Disponível em:         https://www.youtube.com/watch?v=BgLiZLAa4hA   Acesso em: 15 de julho de 18.
 HENRI PAUL HYACINTHE WALLON. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2018. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Henri_Paul_Hyacinthe_Wallon&oldid=52466559>. Acesso em: 27 jun. 2018.
MAZIN, Gabriel. Estágios do Desenvolvimento para Henri Wallon. Disponível em: http://www.blogpsicologos.com.br/psicologia/desenvolvimento-humano/item/98-estagios-do-desenvolvimento-para-henri-wallon Acesso em: 15 de julho de 18.
SALLA, Fernanda. O conceito de afetividade de Henri Wallon. In: Nova Escola (Online), 1º Out. 2011. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/264/0-conceito-de-afetividade-de-henri-wallon Acesso em: 11 de julho de 18.

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